É complicado pegar a estrada entre 17h e 18h. Veja os perigos que as estradas escondem nesse horário.
Até os motoristas mais experientes têm dificuldade de dirigir no fim da
tarde, na passagem do dia para a noite. Demora um pouquinho até que os
olhos se acostumem com a mudança na luminosidade. É o chamado
lusco-fusco, aquela hora perigosa de transição para os motoristas que
acontece no fim do dia.
É uma imagem de cinema no fim da tarde: o sol corta a linha do
horizonte e desaparece lentamente. Quando a cena acaba, vem a confusão:
nem claro, nem escuro. É o lusco-fusco, o momento de transição do dia
para a noite. Nessa hora há uma difusão dos raios de sol que funcionam
como "flash".
“O sol bate no olho, começa a lacrimejar, você não enxerga o carro
vindo. Não dá para ver principalmente se tem buraco na estrada, fura o
pneu, é um desastre", diz a auxiliar de enfermagem Patrícia Teixeira.
Complicado mesmo é pegar a estrada entre 17h e 18h. Se for contra o
sol, a visão fica meio confusa. Os especialistas dizem que nesse
horário, dependendo das condições climáticas, a visibilidade pode ficar
até 90% comprometida.
“Depende de como o sol está. Às vezes a gente não enxerga direito. É
meio complicado. Já levei susto. Na hora que você vê, já está em cima",
comenta o motorista Fernando Aparecido Carassati.
“Fica com a imagem do sol e do claro estampados no pontinho de melhor
visão. Quando você tem essa persistência, a pupila meio fechada, você se
confunde um pouco", explica a oftalmologista Ana Cristina Lucchezi.
O professor José Félex, da escola de engenharia da USP em São Carlos, é
especialista em trânsito. Um dos problemas que ele percebe é a
dificuldade que o motorista enfrenta nessa hora para identificar placas e
as muretas de proteção. “Um veículo a 60 quilômetros por hora, no
instante em que ele enxergar a mureta, andando ao 60 quilômetros por
hora, não vai mais enxergar de frente para o crepúsculo", alerta o
professor.
No Brasil, não existe uma estatística oficial sobre os acidentes
provocados pelo fenômeno do lusco-fusco. "Não fazendo consciência,
ninguém diz que o acidente é porque ele não enxergava. É porque,
realmente no crepúsculo, ele tinha um efeito que o fazia não enxergar
nada", acrescenta o professor José Félex.
Na hora de viajar, o motorista faz o que pode para vencer as
dificuldades. A motorista Matilde Campos não sabe como melhorar a visão:
com ou sem óculos? "Guardei agora os óculos escuros. Diminui um pouco,
mas resolver o problema não resolve. Tem de ter cautela”, sugere.
"Quaisquer óculos escuros são muito bem aceitos. Todos evidenciam a
tonalidade das cores. Protegem dos raios ultravioletas, que é o
principal. Nesse horário, a lente de luz amarelada é o ideal", completa a
oftalmologista Ana Cristina Lucchezi.
No lusco-fusco, o farol do carro quase não faz diferença. Outra dica da
médica para se livrar dessa imagem forte da claridade que persiste na
visão é olhar para um canto escuro. Mas esse movimento tem de ser
rápido, principalmente se você estiver dirigindo.
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